terça-feira, 24 de julho de 2007

Luzes de Paris


Na agradável noite de primavera, sua mente vagava distante. Sentada na beira do rio Sena, seu olhar baixo admirava as luzes de Paris refletidas nas tranqüilas águas. Não ouvia as buzinas, as conversas das cafeterias ou as declarações dos casais enamorados que cruzavam à sua frente. Mesmo sob os encantos da "cidade-luz", sua alma estava apagada.Na cidade do amor e da liberdade, ela sentia-se presa. Na rotina do trabalho, na correria das obrigações e, infelizmente, na superficialidade de quem a cercava. No reflexo de sua beleza estonteante na água, percebia que ninguém era capaz de enxergar as virtudes de sua alma e a beleza de seu coração. Sempre julgaram sua felicidade pela aparência. Ao relembrar seus últimos amores, tornou-se um mero troféu que, ao ser conquistado, era abandonado em alguma prateleira pra apreciação pública, deixando que o pó das vaidades acumulasse sobre suas esperanças.

Ao caminhar lentamente pelas margens do Sena, tudo o que desejava procurar era o brilho de si mesmo. Nas lembranças que se apagam, nos rancores que se perpetuam, abandona qualquer palavra pra aquiescer com a solidão. E num reflexo súbito, se surpreende ao ver, no banco em que está no seu caminho, um envelope com seu nome. Olha para os lados e não vê ninguém, em meio aos transeuntes, que parecesse vigiá-la. Como a curiosidade foi dominadora de suas ações, não resiste e abre o envelope. Dentro dele, um papel com uma singela frase:

"Feche os olhos para ver o amor".
Ao ler a frase, ela ficou sem entender. Permaneceu de olhos abertos e resolveu ir embora, lamentando sua vida e os desencontros do amor. Enquanto ela ia embora, um amigo dela, que sempre a ajudara nos momentos de dor, derramava uma lágrima. Carregava em suas mãos uma rosa que, se ela fechasse os olhos, ele passaria em suas mãos, como quem entrega seus próprio coração. Revelaria seu amor que sempre esteve à frente dos olhos dela, mas que, mergulhada em lamentos, nunca foi capaz de ver. Ele partiu desolado, deixando a rosa no mesmo banco que o bilhete. Compreendendo que, infelizmente, nem todos os corações são capazes de reconhecer e receber o amor que tanto desejam.

* Escrito por Cristian Ribas *

7 Comentários:

Blogger Melina F. disse...

Adorei o texto :D
Mas, será que ela não fechou os olhos com medo de parecer ridícula e de que aquele bilhete não fosse de alguém que amava de verdade, mas, um bilhete de algum homem que queria conquistá-la apenas pela beleza, levar a mesma para cama, para depois poder dizer, de forma bem grosseria, como muitos dizem: 'aquela eu já peguei/já comi'.
Eu consigo entender ela, às vezes, ela já sofreu tanto, que uma nova caminhada pode parecer coisa muito ariscada, e ela pode piorar sua vida que nem é tão boa assim...talvez, o amigo dela, poderia entender, sabendo de tudo o que ela passou e poderia expressar seus sentimentos de forma oral, falar com ela, olhando nos olhos. Aí sim, saberiamos a reação dela e saberiamos se ela realmente procurava um amor :D

:*

24 julho, 2007 21:26  
Blogger garota complexada disse...

o cenário perfeito de Parrí!

24 julho, 2007 22:43  
Blogger Lilly disse...

Tava passando por aqui e putz... adorei a postagem do dia 17, que fala sobre amores mal resolvidos.
Acho que acontece com quase todo mundo, neh!

Bjinhos

24 julho, 2007 23:20  
Blogger Marcelo disse...

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25 julho, 2007 13:40  
Anonymous Anônimo disse...

Uff! Lindo! Nada mais a dizer...

25 julho, 2007 14:07  
Blogger Aline Ribeiro disse...

É aquela velha hitória de que o amor pode estar do nosso lado, mas não nos damos conta... um dia a gente aprende, ou não!

Bjm amiga

25 julho, 2007 14:15  
Blogger Jana disse...

pq em paris tudo é melhor!

Beijos

25 julho, 2007 15:37  

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